Vivo na constante dor do meu
contratempo, de nunca estar bem com o que tenho, com o que vivo, procuro sempre
mais e mais. Não valorizo os que me apoiam incondicionalmente porque vagueio em
busca da perfeição, mesmo sabendo que não existe, e isso é o que mais me custa,
vagueio em busca do inexistente, e eu sei disso, entendes? E o meu medo é nunca
encontrar quem me encha as medidas, tento encontrar sempre alguém melhor, e o receio
de acabar sozinha e perdida neste caminho de encontros destrói-me.
Tento inúmeras vezes contentar-me com o que tenho mas são tentativas falhadas,
quero sentir-me bem e feliz e meti na minha cabeça a ideia que só me sentirei
assim quando amar alguém loucamente, mas aprendi que nunca se ama loucamente
alguém que se tem por completo e isto atormenta as minhas ideias e pensamentos.
Dou por mim a pensar que resultarei numa rapariga solitária que não se satisfez
com os que amam e não foi feliz simplesmente por odiar meios termos, por no conseguir amar loucamente alguém que tem ao seu lado e só ansiar o que não tem.
Uma rapariga egoísta, digo eu.
Não me compreendo, vivo momentos em que desejo
carinho e atenção e outros em que simplesmente desprezo manifestações de afecto.
Num momento suspiro loucamente por mimo de um alguém e quando finalmente o
consigo desprezo-o como se nunca o ansiasse, como se as minhas expectativas se desmoronassem.
Ridículo, pensam vocês.
Com amor, pedaços de mim